Segunda edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária 2017.
- Núcleo Travessia
- May 5, 2017
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Updated: May 28, 2020
Aconteceu no dia 03 de maio a II Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (IV Sul de Minas), promovida pelo Núcleo Travessia em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Na programação foram abordados temas da reforma agrária e da conjuntura atual do país como trabalho, educação e as contrarreformas. As jornadas universitárias acontecem desde 2013, em todo o Brasil, e fazem parte do processo de articulação dos setores que trabalham com os movimentos sociais no campo. De acordo com a organização do evento, trazer para o espaço acadêmico o debate sobre a reforma agrária é proporcionar o enriquecimento dos processos de ensino, pesquisa e extensão na universidade.

Na primeira parte do evento foi apresentado, também como programação da XV Sessão Cine & Prosa, o documentário Agricultura Tamanho Família, de Silvio Tendler, que reúne as experiências da agricultura familiar, como alternativas e resistência às propostas do agronegócio. Após a exibição do documentário o agricultor Ednilson, membro da Associação dos Produtores Rurais de Itajubá e Região (APRIR) e da Feira Ecológica e Cultura de Itajubá (FACI) do Bairro da Peroba, na cidade de Itajubá, apresentou a sua experiência como agricultor familiar e dialogou com os participantes. Em sua fala final emocionou os participantes: “Jamais imaginei que estaria algum dia contando de minha experiência de vida em uma Universidade”.
Em seguida, a primeira mesa de debate da programação contou com a presença do Professor Luíz Felipe, da UNIFEI e membro do Núcleo Travessia; Ana Paula Fernandes, aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade (PPG – DTecS); Jorge F. Santos, integrante da ADERE e Sebastião M. Marques, integrante do MST, assentado e vereador eleito da cidade de Campos do Meio, em Minas Gerais. A mesa foi mediada pelo Professor Luís Felipe, onde Ana Paula iniciou a fala apontando os dados e estatísticas sobre o trabalho escravo no Brasil e em Minas Gerais, em seguida Jorge Santos relatou sobre a sua experiência em casos reais denunciados de trabalho análogo ao escravo de trabalhadores rurais, no contexto do Sul de Minas e sua atuação da Articulação dos Empregados Rurais de Minas Gerais (ADERE-MG) e, por fim, Sebastião completou a mesa apresentando a realidade de luta e trabalho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Um segundo momento foi marcado por atividades culturais com cantorias, contação de histórias, poesias e brincadeiras de roda promovidas pelo grupo Sapucaiaços e uma feira de produtos da reforma agrária, onde foi possível encontrar geleias, doces em compotas, café e arroz orgânicos, sementes naturais de vários tipos de plantas e frutas, sucos e vinhos e muito mais, ambos realizados no Centro de Vivências da universidade.
O evento se encerrou com a segunda mesa de debate da programação, contando com a presença de Dona Ricarda, membra do MST, que apresentou a questão agrária no Brasil, o projeto de Reforma Agrária Popular defendido pelo movimento, a agroecologia como um instrumento de transformação e a essencialidade da presença de uma escola com características formadora de identidade e cidadania dentro das comunidades assentadas e tradicionais rurais. Também fez parte da mesa Letícia Bustamante, agricultora e coordenadora do projeto ELAS (Escola Livre de Agroecologia e Sociedade), do município de Pedralva, que apresentou o funcionamento do Sistema Participativo de Garantia (SPG) para produção orgânica e agroecológica, o funcionamento burocrático e a seguridade do sistema. Letícia falou ainda sobre a importância do papel da mulher na agroecologia e de sua atuação junto às organizações que promovem a presença feminina no campo como produtoras.
Entre o vibrante documentário exibido de Sílvio Tendler sobre a agricultura familiar e os frutos expostos do assentamento Primeiro do Sul, a segunda edição da JURA na UNIFEI reforçou a relevância da reforma agrária como um dos vetores cruciais para o desenvolvimento social, sustentável e econômico. Estratégias de desenvolvimento devem ser pensadas na Universidade, compreendendo naturalmente a UNIFEI, como instrumentos de combate à pobreza e às iniquidades sociais, ainda tão enraizadas.
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